Corrupção no Euro 2012

 DIFICILMENTE PODIA JUNTAR-SE CENÁRIO MAIS FAVORÁVEL À ESPANHA - AMANHÃ PODE SER O ÚLTIMO JOGO DO EURO 2012 PARA PORTUGAL

 O Portugal - Espanha de amanhã, em Donetsk, vai ser arbitrado pelo turco Cuneyt Çakir, 35 anos, profissional de seguros em Istambul. Esta escolha, caiu muito mal entre os dirigentes portugueses, que preferiam outro árbitro, fora do eixo Angel Villar - Senes Erzik, o espanhol e o turco que mandam na arbitragem da UEFA.

Para um jogo que envolve a seleção espanhola - e as arbitragens da Roja têm sido de tal forma polémicas que o húngaro Vítor Kasai e o alemão Wolfgang Stark foram mandados embora logo de seguida - a nomeação devia ter tidos outros cuidados.

Aliás, a propósito do trabalho de Stark no Espanha 1-0 Croácia, o capitão croata, Darijo Srna disse o seguinte: "Jogámos melhor que a Espanha, mas o árbitro recusou-nos duas grandes penalidades. Senti que não nos respeitam. Se essas situações acontecessem a favor da Espanha tinha sido penalty. Agora já não podemos mudar nada, mas não é bonito sentirmos que não somos respeitados".

Çakir, que recebe no Comité de árbitros da UEFA o forte apoio do compatriota Senes Erzik, teve um mau desempenho no Itália-Irlanda e, supreendentemente não foi dispensado. Na crónica desse jogo, disputado em Pozman, a apreciação ao desempenho de Cuneyt Çakir (pontuado com nota 3 numa escala de 1-10) rezou assim: "À deriva. Um trabalho medíocre, indigno de uma fase final de um Europeu. Primeiro foi subserviente com os italianos. Depois tentou compensar os irlandeses em alguns lances. Acabou por não agradar a ninguém".

Como o Comité de Arbitragem da UEFA é presidido pelo presidente da Real Fedreação Espanhola de Futebol, Angel Villar, que tem como vice presidente o turco Senes Erzik - e como Villar faz parte do Comité Executivo da UEFA há 20 anos e Erzik há 22... - poder-se-á considerar no mínimo imprudente a nomeação de Çakir para um jogo importante a envolver a seleção espanhola.

Mas o caso piora ainda quando se pesquisa a história recente e se percebe que Senes Erzik é diretor de marketing da Unicef (e presidente honorário da federação de futebol turca) e foi ele a estabelecer o acordo que liga aquela organização ao Barcelona. Dificilmente poderia juntar-se um cenário mais favorável à Espanha, nesta fase do Euro 2012: O presidente dos árbitros da UEFA é espanhol; o vice-presidente é turco, com uma ligação fortíssima ao Barcelona; e o árbitro nomeado para o Portugal-Espanha é turco!

Aliás, José Mourinho, irritado com a arbitragem depois de uma derrota do Real Madrid em Barcelona para a Champions, fez uma alusão à Unicef que tinha como alvo a ligação de Erzik ao Barça.

A escolha está feita e nada a alterará. Mas os portugueses não gostaram e estão de pé atrás.

Se a estes fatores se juntar a despropositada afirmação de Platini prevendo uma final Espanha-Alemanha - algo que pode ser visto como uma quebra de imparcialidade passível de contaminar o sistema da UEFA - o trabalho de Çakir, amanhã, em Donetsk, vai ter de ser visto e revisto à lupa.

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