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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Luís Leal em entrevista: o hat-trick, o clone-Varela, o futuro

 AVANÇADO JÁ É UMA DAS FIGURAS DO CAMPEONATO
 A vida mudada num só jogo. Do quase anonimato à curiosidade generalizada. Compreensível. É raro, muito raro, ver um hat-trick na I Liga. Principalmente se o autor veste a camisola modesta (embora histórica) do Estoril-Praia. Luís Leal é o homem do momento.
Noite especial, de facto. O avançado canarinho, 25 anos, fez três golos a um assumido candidato europeu e contribuiu decisivamente para o primeiro triunfo do Estoril na prova. É impossível resistir ao prazer de narrar na primeira pessoa cada um dos instantes de deleite.

«No primeiro golo esperei na grande área do Marítimo o cruzamento. Há um desvio, a bola chega-me em condições difíceis, mas consegui segurá-la bem. Depois, rematei bem», conta o autor do primeiro hat-trick da época.

«O segundo é uma jogada estudada. Ia entrar ao primeiro poste, mas vi um colega meu a fazer o mesmo movimento e esperei ao segundo. Há um centro rasteiro, um remate que não sai bem e a bola vem ter direitinha a mim. Estava bem colocado.»

O terceiro, finalmente, é muito «mérito do Jefferson». «Ele foge na esquerda e faz um cruzamento perfeito para mim. Eu vou em velocidade e só tenho de encostar com calma».

«Baby não vai» para celebrar os golos
A conclusão é óbvia, mas obrigatória. «O jogo foi perfeito para mim. Fazer tantos golos num jogo do primeiro escalão marca qualquer jogador», sublinha Luís Leal que, no telemóvel, tinha já à espera várias dezenas de mensagens.

«Foram muitas, muitas mesmo. Adorei a do meu empresário, Ademar Hipólito. Disse-me que eu me tinha enganado três vezes. Depois foi fantástico chegar a casa e estar com a minha mulher e o meu filho.»

Como muitas vezes faz, Luís Leal saboreou os despojos da noite com uma música que considera especial. «É do Adi Cudz e chama-se Baby não vai. Gosto muito, faz-me sorrir. Foi a banda sonora ideal para aproveitar tudo o que acabara de fazer».

«Dizem-me que sou parecido com o Varela»
Luís Leal não tem ídolos no futebol. Os amigos, porém, consideram-no «parecido com o Silvestre Varela».

«É um pouco como eu. Considero-me extremo puro, mas posso ser ponta-de-lança móvel também. Tenho jogado algumas vezes no centro e estou a aperfeiçoar algumas coisas», explica-nos a figura maior da quarta jornada da Liga.
Feliz por estar novamente num «clube sólido e cumpridor», após o «pior ano da carreira» na União de Leiria, Luís Leal olha compreensivelmente otimista para o futuro.
 
«É importante continuar a fazer golos e levar o Estoril a uma posição tranquila. Se isso acontecer, acredito que no final da época posso ser devidamente recompensado».


«DISPENSA DO SPORTING FOI O FIM DO MUNDO»
Uma década a lutar por um sonho, uma década a remoer numa desilusão difícil de aceitar. Foi precisamente há dez anos que Luís Leal recebeu a mais dura das notícias: «Fui dispensado do Sporting com 14 anos. Para um adolescente ouvir aquilo era o fim do mundo», confessa.

O herói do Estoril-Praia não guarda, ainda assim, mágoa dos leões. Vestiu quatro temporadas a camisola verde e branca, conheceu «grandes amigos» e agradece até hoje o apoio de Daniel Carriço. «Foi o meu primeiro amigo no Sporting. O Rui Patrício só surgiu dois anos depois. Vi logo que iam longe».

Esses tempos de «inocência e dúvida» acabaram com a tal dispensa. Luís Leal rumou ao Cova Piedade, «pela proximidade geográfica da casa dos meus pais», e tornou-se em seis temporadas uma das grandes figuras do clube.

«Fiz 18 golos na primeira época de sénior e fui campeão distrital. Na segunda já tinha nove e saí em janeiro. Saí com problemas pessoais e passei meses a treinar no Atlético só para manter a forma. Eles gostaram de mim e assinei pelo clube».

Os anos seguintes passaram a correr e incluíram uma experiência «marcante» numa pequena vila do norte do país. «Tive de sair de casa dos meus pais e fui para o Moreirense. Percebi o quão fervorosos são os adeptos minhotos. Custou-me muito no início, mas ainda fui o melhor marcador da equipa.»

Depois da primeira passagem pelo Estoril, assinalada por mais oito golos, chegaria a «traumatizante» passagem por Leiria. «Correu tudo mal. Ao clube e a mim. Fiz só dois golos e estive sempre muito apagado. Daí agradecer muito o convite que o Estoril me fez para voltar», desabafa.

LUÍS LEAL: 25 anos, 1,76m, 75kgs
Local de nascimento: Arrentela (Seixal);
Percurso: Sporting (1998 a 2002), Cova Piedade (2002 a 2008), Atlético (2008/09), Moreirense (2009/10), Estoril-Praia (2010/11), União Leiria (2011/12) e Estoril-Praia (2012/13).

   
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